Entenda um pouco sobre enxaqueca

A enxaqueca, ou migrânea, é um dos tipos existentes de cefaleia (dor de cabeça). A migrânea se caracteriza por uma dor pulsátil em um dos lados da cabeça (às vezes dos dois), geralmente acompanhada de fotofobia (hipersensibilidade à claridade), osmofobia (hipersensibilidade a odores), fonofobia (intolerância a ruídos ou som alto), náusea e vômito. A duração da crise varia de quatro a 72 horas, podendo ser mais curta em crianças.

Segundo o Ministério da Saúde, de 5 a 25% das mulheres e 2 a 10% dos homens tem enxaqueca. A enxaqueca é predominante em pessoas com idades entre 25 e 45 anos, sendo que após os 50 anos essa porcentagem tende a diminuir, principalmente em mulheres.

A doença ocorre em 3 a 10% das crianças, afetando igualmente ambos os gêneros antes da puberdade, mas com predomínio no sexo feminino após essa fase. A enxaqueca pode ser dividida entre com aura ou sem aura, e essas em episódica ou crônica. Segundo dados do Ministério da Saúde, 64% do total desses pacientes apresentaram enxaqueca sem aura, 18% com aura e 13% com e sem aura. Os restantes 5% apresentaram aura sem cefaleia.

A manifestação mais comum da enxaqueca com aura é a chamada aura visual, que pode se apresentar como flashes de luz, manchas escuras em forma de mosaico ou imagens brilhantes em ziguezague – como quando estamos andando em uma estrada e vemos aquele ziguezague de calor que emana do chão. Em outros casos, a enxaqueca com aura pode se manifestar como dormências ou formigamentos em apenas um lado do corpo – dependendo da gravidade da enxaqueca com aura, a pessoa pode começar com um formigamento em uma das mãos e ele se espalhar por todo o lado do corpo, chegando a adormecer apenas metade da língua. No entanto, essas manifestações sensitivas da enxaqueca com aura são mais raras. Geralmente, a aura começa da cefaleia na crise de enxaqueca, podendo persistir ou não depois que a dor começa.

A enxaqueca crônica se caracteriza por cefaleia em 15 ou mais dias do mês, sendo oito dias com crises típicas de enxaqueca, por mais de três meses, na ausência de abuso de medicamentos.

As causas da enxaqueca, podem ser muitas. Entre elas, podem ser citadas a má qualidade do sono, estresse, tabagismo, variações de temperatura, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, problemas hormonais ou de outra natureza médica, entre outros.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 15% da população do planeta sofre desse mal, o que inclui, aproximadamente, 25 milhões de brasileiros afetados pela doença.

Além de usar medicamentos e evitar as possíveis causas da enxaqueca, um dos poderosos métodos terapêuticos pode ser o mesmo hábito que a provoca: a alimentação.

Uma das principais estratégias nutricionais no combate à enxaqueca está a identificação dos alimentos que desencadeiam as crises dolorosas e retirada deles da dieta. Esse trabalho ocorre de maneira individual, já que o mesmo alimento pode desencadear a crise em um individuo e em outro não.

Alguns alimentos que podem levar à crise de enxaqueca são:

    Chocolate
    Cacau
    Bebidas alcoólicas (principalmente vinho e cerveja)
    Cebola
    Alho
    Peixes Salgados (como por exemplo o bacalhau)
    Queijos Maturados (gouda, gruyere, parmesão, emental, roquefort, gorgonzola, brie, camembert)
    Alimentos em conserva (picles, por exemplo)
    Glutamato Monossódico (Molho de Soja, temperos prontos – caldo de carne/legumes)
    Embutidos (presunto, salame, peito de peru, mortadela, salsicha, linguiça, nuggets)
    Aspartame

Além de evitar os alimentos causadores da enxaqueca, é importante saber que alguns nutrientes e hábitos alimentares têm o poder de aliviar os sintomas e reduzir essa complicação. Vejamos quais são e por quê:

Dieta fracionada:

Se alimentar a cada três horas é importante para manter os níveis glicêmicos do organismo, ou seja, os níveis de açúcar no sangue. Quando ficamos sem comer por muito tempo, sofremos uma hipoglicemia – baixa dos níveis glicêmicos – que pode causar dor de cabeça e pressão baixa.

Selênio:

Potente antioxidante presente principalmente em salmão, ostras cruas, castanha do Pará, fígado de boi e farelo de trigo, o selênio é um mineral capaz de combater os radicais livres e retirar os metais tóxicos do corpo. Esses metais contribuem para o aumento dos radicais livres e podem causar os sintomas de enxaqueca, além de elevar o risco de doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson.

Magnésio:

Promotor do relaxamento, o papel do magnésio no combate às dores de cabeça e enxaquecas foi demonstrado em uma série de estudos. A concentração de magnésio em nosso corpo afeta os receptores de serotonina (substância responsável por regular a percepção a dor e disposição) bem como outros receptores e neurotransmissores relacionados à enxaqueca. Sua ação relaxante pode amenizar a dor de cabeça quando a causa for por estresse, ansiedade ou TPM.

Algumas das principais fontes de magnésio são feijão, espinafre, castanhas de caju, amêndoas, semente de abóbora, pistache e alcachofra.

Ômega 3:

O consumo em excesso de alimentos inflamatórios, como carboidratos refinados, gorduras e embutidos, provoca a produção de substâncias pró-inflamatórias, que causam a dilatação dos vasos e, consequentemente, a dor de cabeça. Nesse caso, o ômega3 é o melhor remédio. Ele tem ação anti-inflamatória, combatendo essas substâncias causadoras de enxaqueca.

Entre as fontes de ômega3 estão salmão, sardinha, arenque, atum, semente de linhaça e chia.

Vitamina B12:

A vitamina B12 é fundamental para o pleno funcionamento do sistema nervoso, evitando alterações de sensibilidade no corpo que podem causar crises de enxaqueca. O sistema nervoso pode ser comparado com um sistema elétrico, no qual os nervos são os cabos por onde a eletricidade passa. Cada nervo é protegido por uma “capa de gordura”, chamada bainha de mielina, que é fundamental para a passagem do estímulo nervoso, evitando que a eletricidade se dissipe. Na falta de vitamina B12, ocorre a desmielinização, que é uma espécie de defeito na bainha de mielina.

São boas fontes de vitamina B12: fígado de boi, mariscos, ostras cruas, atum, ovos e leite.

Alimentos antioxidantes:

Os antioxidantes têm o poder de fazer a varredura do excesso de radicais livres e outras substâncias tóxicas em nosso organismo. Essa ação contribui para o equilíbrio metabólico e o melhor funcionamento da circulação, além de ser anti-inflamatória. Essas propriedades funcionais podem amenizar o sintoma de dor, interferindo indiretamente, portanto, na incidência de enxaquecas.

Os antioxidantes estão presentes em diversas vitaminas, por isso o ideal é incluir muitas frutas, legumes e verduras no cardápio. Cenoura, mamão, abobrinha, vegetais e frutas alaranjadas, germe de trigo, óleos vegetais, vegetais de folhas verdes, oleaginosas e frutas vermelhas também são ótimas fontes.

Excesso de Carboidratos:

Os carboidratos são a principal fonte de energia do nosso corpo. Tanto a falta quanto o excesso desse nutriente podem ser um gatilho para disfunções metabólicas, tendo como um dos sintomas a dor de cabeça. Por isso, nada de cortar os carboidratos da dieta! Mas, sim, moderar na ingestão.

As principais fontes de carboidratos são pães, arroz e massas, de preferência todos integrais, que fornecem mais fibras.

As principais recomendações nutricionais para quem possui o diagnóstico de enxaqueca, portanto, são:

    Realizar de 5 a 6 refeições por dia, sem pular nenhuma.
    Evitar bebidas alcoólicas e bebidas que contenham cafeína (café, chá verde e refrigerantes a base de cola)
    Evitar adoçantes a base de aspartame, temperos e alimentos prontos que contenham glutamato monossódico (embutidos, alimentos congelados, caldo de carne/legumes, ajinomoto
    Preferir queijos brancos e ricota

Conclusão:

Além dos medicamentos para enxaqueca, cuidados no momento da crise e medidas dietéticas como as sugeridas acima, pode-se adotar alguns hábitos que ajudam na prevenção da enxaqueca:

– Manter um diário da enxaqueca: isso pode ajudar a identificar qualquer coisa que possa desencadear enxaquecas com aura. Inclua no diário a data e a hora da enxaqueca, todos os alimentos que você comeu, atividades que você participou e medicamentos ingeridos. Assim, fica mais fácil evitar alimentos, medicamentos e fatores ambientais desencadeantes

– Ficar atento aos gatilhos psicológicos, como estresse e ansiedade.

– Procure um especialista, ou seja, um médico neurologista, que lhe indique o medicamento preventivo mais apropriado para você, assim como a medicação mais adequada para a crises, quando e se elas ocorram.

– Procure um nutricionista, que é o profissional melhor habilitado para avaliar e orientar um programa de reeducação alimentar em casos de enxaqueca que necessitem prevenção.



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